No ano de 2002, a Cidade das Rosa buscava retomar o estímulo à produção de flores que outrora lhe rendera tal alcunha. 24 grandes produtores, unidos na Associação Barbacenense de Rosas e Flores - Abarflores, somavam 95% do total de produtores da região, gerando cerca de 500 empregos diretos e outros 200 indiretos, movimentando aproximadamente R$ 11 milhões por ano. Esse grupo exportava para Portugal cerca de 250 mil dúzias de rosas por mês, além de produzir para o consumo interno de 40 a 50 mil outras flores, como crisântemos, gipsons, gérberas e copos-de-leite. Dessa forma, devido ao esforço destes cultivadores, Barbacena continuava mantendo seu título, embora cidades como Holambra, no interior paulista, mantivessem uma produção superior a do município mineiro. Segundo Jair Marciano da Silva, então presidente da Abaflores em entrevista ao Órgão Oficial do Município na época, a produção de rosas e flores equivalia de 10% a 12% da variação econômica da cidade.
Realizada pela Cenatur, sob a coordenação da secretária de Cultura Maria da Glória Bitar de Castro, a Festa das Rosas aconteceu entre os dias 9 e 13 de outubro, e contou com grandes shows do cantor Daniel, Ivete Sangalo, Frejat e Swing de Palha. O evento apresentou três pavilhões para venda de flores,, mostra de artesanato regional, concurso de estandes e carros alegóricos. O Baile das Rosas, organizado mais uma vez pela Câmara dos Dirigentes Lojistas - CDL, foi realizado pela primeira vez dentro da Escola Preparatória de Cadetes do Ar (Epcar), no Ginásio Charles Astor, na noite do dia 04 de outubro, com a apresentação da Orquestra Ed Bernard. A patronesse da festa foi a senhora Denise Santilli, esposa do então brigadeiro-do-ar Wagner Santilli.
Entre as 25 candidatas ao título, um grande e seleto júri se encantou pela candidata Ameli Gabriele Batista Fernandes, estudante do Centro Educacional Brasileiro (CEB) e representante do Rotary Monte Mário. A eleita de 2002, lembra que quando foi buscar seu vestido, em tons vermelho e dourado, feito pela costureira Patrísia Paes, o pai da jovem não teria agradado do traje e suspirou “Tadinha da Ameli, esse vestido é muito simples…”, no entanto, no dia do grande baile, ao ver a filha vestida de princesa, deu-se conta daquilo que os jurados também concordaram, estava ali a nova Soberana das Rosas de 2002.
No domingo, dia 13, a barbacenense foi coroada pela patronesse Denise Santilli e pela primeira dama Loreta Borato Mazzoni. Vale ressaltar que, três dias antes, o então prefeito Célio Mazzoni assinou um decreto que transformava a patronesse do baile em patronesse da festa. Após um discurso basicamente improvisado com “uma mensagem bonita e vigorosa, própria da juventude, que ainda acredita na beleza da vida, desde que construída com amor”, como pontuou o colunista social Idinando Borges em seu artigo no Jornal de Sábado, Ameli Fernandes então desfilou pelo Parque de Exposições “Senador Bias Fortes” em carro alegórico ornamentado de flores, com o formato da famosa “carruagem de abóbora da Cinderela” e elaborado por Jane de Morais e Silva e Carlos Roberto Silva, ambos da Chácara Sagrado Coração de Jesus e Maria.
Como a nova representante da cidade, Ameli Fernandes esteve em diversos eventos na figura da Soberana das Rosas de 2002, no entanto, o período coincidiu com o início de seus estudos acadêmicos. A mudança de cidade e as obrigações nos estudos acabaram diminuindo um pouco a participação da jovem com o título, mas em momento algum minaram o orgulho da mesma em ter sido eleita, sendo que até hoje ela guarda a faixa, a coroa e diversas fotos de recordação.
A Rosa Cinderela de 2002 carrega consigo uma série de significados que vão além do carro alegórico em que ela desfilou ou da “transformação” que ela teve com o vestido, ressaltando a beleza de ambos. A Festa das Rosas e a própria produção daquele ano também passaram por um processo de transformação, com a maior valorização dos produtores dentro do evento e uma considerável retomada da roseicultura na região. Assim como a personagem dos contos de fadas, naquele ano mais especificamente, Barbacena parecia ter se transformado, mais uma vez, na Princesa das Vertentes.
“Foi muito emocionante no dia, uma vitória é sempre algo muito feliz de se vivenciar, principalmente porque eu não tinha nenhuma expectativa. Não sonhava em participar do curso e nem vencê-lo”. - Amelie Fernandes.
José Alves Fernandes Filho
Ieda Batista Fernandes
12/05/1985
Fonte: “O Reinado da Rosa: A História das Rainhas de Barbacena”, Isabella Paulucci & Thiago Rossi.