A realização da Festa das Rosas de Barbacena sempre demandou muito trabalho, sendo este um evento que envolvia diversos setores em sua organização. Em 1972, os produtores reservaram toda a produção de rosas da semana anterior à celebração especialmente para o acontecimento e por isso, pela sua dedicação, a abertura se deu com uma missa na Matriz de Nossa Senhora da Piedade, em homenagem aos floricultores.
As rosas barbacenenses eram a principal atração turística daquela época, sendo também a segunda maior fonte de recursos para a cidade, ficando atrás apenas do leite. As flores do município abasteciam todo o país, que consumia de 80 a 100 mil dúzias de rosas diárias, além de serem exportadas para o mercado europeu, com destino a países como Alemanha, Itália, Inglaterra, Suíça, Áustria, Holanda e também Estados Unidos, em um total aproximado de 20 mil dúzias diárias.
Em 1977, no entanto, os floricultores foram prejudicados. As chuvas, geadas e ventos fortes provocaram uma queda na produção e as 80 milhões de dúzias produzidas no ano anterior, foram reduzidas a 50 milhões. Apesar de tudo, os agradecimentos e a comemoração pelo que se havia conquistado no ano ocorreram na Festa que aconteceu entre os dias 14 e 16 de outubro.
Além da missa, foi organizada uma venda de mudas no prédio do Colégio Pedro I, antiga casa do Conde de Prados. No dia seguinte, o Baile das Rosas com a apresentação das 24 candidatas ao título de Rainha das Rosas se deu no Olympic Clube, com o show do conjunto “Pendulum”, de Belo Horizonte. Na ocasião, diversas pessoas presenciaram o nome de Valéria Campos Ayres ser anunciado como o da Soberana das Rosas de 1977.
Sua jornada como uma das concorrentes à coroa teve início quando ela recebeu o título de Rainha do Colégio Aplicação. Após a conquista, a instituição a convidou a ser a representante por eles apresentada. Com muito apoio e incentivo de sua mãe, Maria Martha Campos Ayres, ela ficou muito feliz em dizer “sim”.
Naquele ano, uma grande quantidade de visitantes veio prestigiar o evento, que dessa vez aconteceu no Centro de Barbacena. Estacionados na Avenida Bias Fortes estavam cerca de 10 ônibus e os turistas que aqui vieram, embora notando a falta de rosas nas vitrines, bares, restaurantes, hotéis, entre outros lugares da cidade, encontraram diversas delas na Missa das 10h de domingo na Matriz. Cordões de rosas misturadas com ciprestes compunham a decoração da igreja, encantando também os moradores. Em frente à igreja em que ocorreu a abertura da celebração, encontrava-se o emblema municipal, confeccionado com pétalas de rosas e flores variadas, constituindo um belo e perfumado tapete.
O desfile de carros alegóricos com as princesas e rainhas de 1976 e 1977 começou na Uniflor, localizada perto do Pontilhão, subindo até a rua Xv de Novembro e passando pela Vigário Brito até estacionar na Praça Conde de Prados, onde estava armada uma passarela para o desfile. As belas garotas, parte da realeza das rosas, desfilaram e a coroação enfim aconteceu.
Valéria Ayres recebeu sua coroa pelas mãos do prefeito Vicente Araújo. A jovem de apenas 16 anos considera o momento de sua coroação ainda mais especial por ter o título consagrado por alguém com quem possui parentesco e gostava muito. Para o encerramento da festa, pilotado pelo Tenente Avina da Epcar, um avião do Aeroclube Barbacenense sobrevoou o local e atirou mais de mil rosas sobre os presentes.
A respeito de um momento marcante na Festa das Rosas de 1977, Valéria conta sobre a entrevista que concedeu à Rede Globo. Nervosa, a garota se atrapalhou durante a fala e após o término alguém disse a ela que “rosas não falam, apenas exalam perfume”. A frase, que ela jamais esqueceu, fez com que a mesma questionasse a relevância do que havia dito, transformando em um desejo pessoal dela que a cidade permanecesse exalando o perfume das rosas. O aroma, que faz parte de todos os barbacenenses, é ainda mais forte em nossa Rainha, que tem nesta uma memória de suma importância para contar a todos: a história de Barbacena, narrativa na qual ela estará para sempre marcada.
Legenda: “Sabemos que muita gente se encantou com essa graça de menina que reúne beleza, simpatia, juventude, harmonizando-se tudo isso com o esplendor de nossas rosas e constituindo um espetáculo sem precedentes” - Jornal Cidade de Barbacena, 29 de outubro de 1977
Pai Edison Nogueira Ayres
Mãe Maria Martha Campos Ayres
09-07-1961
Fonte: “O Reinado da Rosa: A História das Rainhas de Barbacena”, Isabella Paulucci & Thiago Rossi.