7ª Rainha das Rosas de Barbacena - 1974

Serendipidade: palavra que significa uma feliz descoberta ao acaso, ou a sorte de encontrar algo precioso onde não se estava procurando. Esta é uma boa definição para a Festa das Rosas de 1974, que naquele ano ganhou uma nova essência. A celebração, que anteriormente carregava em sua história toda a cultura e reconhecimento do trabalho e das belezas de Barbacena, se tornou o palco de uma belíssima história de amor, capaz de perdurar e esperar pacientemente por 10, 20, 36 anos até o destino decidir que, enfim, havia chegado o instante perfeito.
 
Na época, os produtores barbacenenses celebravam diversas conquistas para o setor. Em 21 de fevereiro entrou em vigor a medida de isenção do Imposto Sobre Circulação de Mercadorias (ICM) para a exportação de flores, possibilitando assim a ampliação da atividade e, por consequência, o aumento da produção. A deliberação foi acertada em protocolo dos Secretários de Fazenda da Região Centro-Sul. Além disso, as rosas de Barbacena, que já estavam sendo exportadas para diversos países, participaram de uma grande exposição internacional de flores, realizada de 12 a 19 de novembro em Paris, na França.
 
A tradicional Festa das Rosas aconteceu entre 18 e 20 de outubro e foi a primeira edição sucedida no Parque de Exposições “Senador Bias Fortes” visando dar maior conforto aos 5 mil turistas que compareceram, além do povo barbacenense que marcou presença. O local, também se mostrou favorável para a elaboração da gincana estudantil e o desfile de carros alegóricos ao som de fanfarras que compuseram a programação, bem como a tarde do folclore, com danças típicas e representação de países europeus importadores de rosas barbacenenses.
 
A abertura se deu com a feira de flores e mudas, além de uma exposição de artesanatos. Também foi elaborada uma corrida de bicicletas, um torneio de pipas e a concentração de bandas da região. A noite do segundo dia de evento foi encerrada com um baile popular que contou com a apresentação do conjunto “Os Intocáveis” e, ao mesmo tempo, foi realizado o famoso Baile das Rosas no Clube Barbacenense, oportunidade em que, entre as 25 candidatas, a deusa do amor e da beleza, Afrodite, escolheu contemplar a jovem Rosana Gorini Lobato de Campos de 15 anos com o título de garota mais linda de 1974 e, também, com o seu grande amor, Marcus Vinícius de Carvalho Mesquita Ayres, que a viu pela primeira vez naquela Festa das Rosas e nunca mais a esqueceu.
 
A Soberana das Rosas foi eleita logo após o fim de um relacionamento, ocasionado pelo fato de que o seu até então namorado, a havia feito escolher entre a participação no concurso e o namoro. Três dias após conquistar sua coroa, ela marcou presença no Baile do Aviador, ocorrido na Epcar, e lá foi apresentada ao rapaz de 17 anos que a havia visto na festividade e com ele dançou algumas músicas. Algum tempo depois, o jovem Marcus Vinícius foi até sua casa, levando flores e chocolates, mas Rosana não ficou por muito tempo, deixando-o na companhia de sua mãe. Ela, com o coração partido pelo término recente, e ele com o seu da mesma forma, porém por reconhecer que não deveria investir mais… pelo menos não naquele momento.
 
Ambos deixaram a cidade, se casaram duas vezes, tiveram dois filhos e se divorciaram novamente, vindo a se reencontrarem em 6 de setembro de 2010, após ele contar sobre sua paixão adolescente para a amiga Marisa Dias Resende Abrão, Rainha de 1975, para quem Rosana passou a coroa. Também amiga de Rosana, ela estava decidida a juntar o casal e por isso passou para ele o telefone dela. Ele ligou no mesmo dia, mas por se tratar de um número desconhecido, não foi atendido. Logo depois, as rainhas conversaram e Marisa contou à amiga o que havia acontecido.
 
De acordo com a própria Rosana, ela se encontrava em uma fase em que havia decidido aproveitar a vida, viajar e curtir os filhos, mas naquela noite a Soberana de 1974 orou e pediu que se a pessoa que ela havia idealizado existisse, que ela batesse em sua porta, pois estava decidida a não procurar mais. Do Olimpo, Afrodite escutou e foi quando ela recebeu uma nova ligação do homem com quem se casaria no ano de 2017.
 
O casal passou a semana conversando por telefone de manhã, à tarde e à noite até que ele foi visitá-la em Belo Horizonte, onde ela morava e trabalhava como dentista. E então, após 36 anos, eles se reencontraram, estando ele da mesma forma de quando havia ido até sua casa no passado: com flores e chocolates para sua amada. Durante a visita, eles fizeram compras juntos, foram até a casa de Marisa e do marido, se encontraram para tomar o café da manhã, almoçaram e também saíram com o filho de Rosana, que acabava de voltar de uma viagem com o pai. Depois disso, a Rainha e seu consorte nunca mais se separaram.
 
Juntos há 12 anos, eles se conheceram em outubro, se reencontraram em outubro e se casaram em outubro e hoje protagonizam uma história que transcende o tempo, já que mesmo que ela não tenha se lembrado dele, ele nunca a esqueceu e por isso hoje vivem um romance digno de filmes, marcado por diversas situações lindas que essas poucas páginas se mostram insuficientes para contá-las. Uma história que teve seu início com as rosas, e que bela ironia dizer que a associação da flor à deusa Afrodite na mitologia grega a fez conhecida mundialmente como a flor do amor…