Quando o russo Pyotr Ilitch Tchaikovsky (1840-1893) se tornou conhecido por suas famosas composições, como o Lago dos Cisnes e o Quebra-Nozes, jamais imaginou que uma flor entoaria uma de suas valsas mas importantes, justamente a “Valsa das Flores”. Isso por que aquela que viria a se tornar a Soberana das Rosas de 1975 era uma exímia estudante de piano desde os seis anos de idade.
Em 1974, os produtores barbacenenses tiveram de queimar cerca de 1 milhão de flores, devido o excesso de produção para sustentar os preços do mercado interno e também por que não havia como vendê-lo, uma vez que as exportações já haviam terminado na época da fatídica colheita. No ano seguinte, em 1975, Barbacena exportou toda a sua produção de aproximadamente 1 milhão e 500 mil rosas não rústicas para a Europa, cerca de 700 mil dúzias a mais que no ano anterior, resultando em um faturamento de CR$ 18 milhões contra CR$ 9 milhões 458 mil do ano anterior.
Um dos fatores do sucesso de 1975, foram as geadas que atrasaram a produção de rosas, fazendo com que o excesso de produção daquele ano coincidisse com a época de exportações. Dessa forma, as rosas Barbacenenses foram distribuídas por Alemanha, Suíça, Itália, Inglaterra, Áustria e Holanda. Outras espécies de flores cultivadas na cidade também chegaram a Europa, como cravos e a cymbidium, uma espécie de orquídea que se acostumou bem com o clima da região. Naquele ano, as rosas barbacenenses chegaram a ser cotadas a CR$ 40 a dúzia, no mercado internacional.
Em outubro, mais especificamente entre os dias 10 e 12, a cidade parou para celebrar a sua grande colheita e a Festa das Rosas foi celebrada juntamente com a Festa das Nações no Parque de Exposições “Senador Bias Fortes”, em um evento que contou, em sua abertura, com shows e apresentação de cantores e passistas de rádio e televisão, vindos diretamente do Rio de Janeiro.
No sábado, dia 11, membros dos clubes sociais, Prefeitura Municipal e Uniflor se reuniram na sede do Olympic Clube, no Centro da cidade, para o tradicional “Baile das Rosas”, numa promoção do Clube de Dirigentes Lojistas. E, dentre mais de 20 candidatas, como se a “Danza Pastorale” de Vivaldi ressoasse ao fundo de um cenário de mil flores, a jovem Marisa Dias Resende foi escolhida para ser a nova Rainha das Rosas de Barbacena.
Quem esteve no clube aquele ano, testemunhou uma das primeiras mudanças significativas no concurso. Naquele ano o vestido de camponesa, que fora adotado em 1971, teve seu comprimento alterado. Após quatro edições em um formato de saia “mini”, (acima dos joelhos), o traje passava a ser “mide”, ou seja, na altura dos joelhos.
No domingo, em um Parque de Exposições que comercializou, naquela Festa, mais de 11 mil dúzias de rosas, a coroação da Rainha das Rosas assemelhava-se a obra “A Sagração da Primavera”, de Igor Stravinsky. Após a celebração de uma missa campal, aconteceu um festival de bandas vencido pela Escola FEBEM “Lima Duarte” do município de Antônio Carlos, logo em seguida, seis carros alegóricos ornamentados com rosas e flores em abundância desfilaram pelo parque. No primeiro veículo estavam a Rainha de 1974 – Rosana Gorini - e a Soberana das Rosas de 1975, Marisa Resende.
Após o desfile, coube ao então Prefeito Municipal José Eugênio Dutra Câmara coroar a nova Rainha das Rosas, que até hoje tem guardado seu precisos vestido como uma inestimável relíquia de seu reinado.
Marisa Resende hoje alterna sua residência entre Barbacena e a capital mineira Belo Horizonte, e torce para que o município invista na festa e dê continuidade a este legado da “Cidade das Rosas”.
Fonte: “O Reinado da Rosa: A História das Rainhas de Barbacena”, Isabella Paulucci & Thiago Rossi.